“O artista não sabe que o mundo existe fora da ar­te; por isso atreve-se a criar.”

sábado, 10 de setembro de 2011

Drummond é lido em homenagem ao voo 93 nos EUA



O poema de Carlos Drummond de Andrade, "Lembrança do Mundo Antigo", foi lido durante cerimônia da realização da primeira fase de um memorial dedicado aos passageiros e tripulantes do Voo 93, que caiu no dia 11 de setembro de 2001, depois que seus quarenta passageiros e tripulantes enfrentaram os sequestradores. O texto de Drummond foi lido pelo poeta Robert Pinsky juntamente com o poema "Encantação", do polonês Czeslaw Milosz. A cerimônia contou com a presença dos ex-presidentes norte-americanos George W. Bush e Bill Clinton. 


Segundo Bush, os passageiros do Voo 93 foram responsáveis por um dos atos mais heroicos da história dos Estados Unidos. Os sequestradores pretendiam jogar o avião em Washington mas não conseguiram em virtude da determinação e valor dos passageiros e dos tripulantes do voo, que caiu em área rural a menos de 20 minutos de seu alvo. Bush também ressaltou o que ele chamou de exemplo brilhante de democracia em ação, referindo-se à decisão do grupo de realizar uma votação pela opção de se tentar dominar os sequestradores. 

Clinton anunciou que ele e o Porta-voz do Parlamento, John Boehner, irão realizar um esforço bipartidário para levantar os US$ 10 milhões restantes para completar os recursos necessários para a construção do Memorial Nacional do Voo 93. A cerimônia reuniu mais de 4 mil pessoas incluindo centenas de parentes de vítimas na área rural da Pennsylvania onde o avião sequestrado caiu há 10 anos. Cerca de US$ 52 milhões já foram levantados através de doações para a construção do memorial. As informações são da Associated Press. 


Leia, abaixo, o poema "Lembrança do Mundo Antigo", de Carlos Drummond de Andrade:


"Clara passeava no jardim com as crianças.
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,
o guarda-civil sorria, passavam bicicletas,
a menina pisou a relva para pegar um pássaro,
o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranquilo em redor de Clara.


As crianças olhavam para o céu: não era proibido.
A boca, o nariz, os olhos estavam abertos. Não havia perigo.
Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor, os insetos.
Clara tinha medo de perder o bonde das onze horas,
esperava cartas que custavam a chegar,
nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava no jardim, pela manhã!!!
Havia jardins, havia manhãs naquele tempo!!" 


(do livro Sentimento do Mundo)


Fonte: Site Jornal Cruzeiro do Sul

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